28 de novembro de 2005

Despedida

Eu não sou daqui também marinheiro
Mas eu venho de longe E ainda
do lado de trás da terra
além da missão cumprida
Vim só dar
despedida

Filho de sol poente
Quando teima em passear
desce de sal nos olhos
doente da falta de voltar
Filho de sol poente
Quando teima em passear
desce de sal nos olhos
doente da falta que sente do mar

vim só dar despedida
vim só dar despedida


Maria Rita

7 de novembro de 2005

Passo a palavra

Imagem n.º 3 (Recebida por Email, desconhece-se a origem)




Uma nova foto que eu considero bastante susceptível de diferentes interpretações. O que lhe sugere? Passo a palavra ao leitor.

27 de outubro de 2005

Hoje é o dia certo!

"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito.
Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã, portanto,
hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e
principalmente viver."

(Dalai Lama)

13 de outubro de 2005

Tenho uma voz que em mim fala

Tenho uma voz que em mim fala
E só eu a consigo decifrar
Nos seus impulsos e explosões.
Conheci-a de madrugada
Quando a razão afrouxa
E o coração aperta.
Veio como o luar calmo e sereno
Iluminando um novo caminho
Sem rotas nem metas
Infinitamente belo e universal.

Miguel Pereira

5 de outubro de 2005

Vale a pena sorrir...

Se acordaste hoje mais saudável que doente, tens mais sorte que um milhão de pessoas, que não verão a próxima semana.

Se nunca experimentaste o perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia da tortura, a dor da fome, tens mais sorte que 500 milhões de habitantes no mundo.

Se podes ir à igreja sem o medo de ser preso ou torturado, tens mais sorte que 3 milhões de pessoas no mundo.

Se tens comida na frigorífico, roupa no armário, um tecto sobre a cabeça, um lugar para dormir, considera-te mais rico que 75% dos habitantes deste mundo.

Se tens dinheiro no banco, na carteira ou uns trocos em qualquer parte, considera-te entre os 8% das pessoas com a melhor qualidade de vida no mundo.

Se teus pais estão vivos e ainda juntos, considera-te uma pessoa muito, muito rara.

Se puderes ler esta mensagem, recebeste uma dupla bênção, pois alguém pensou em ti e tu não estás entre os dois mil milhões de pessoas que não sabem ler.

Vale a pena tentar:
a.. Trabalha como se não precisasses de dinheiro
b.. Ama como se nunca ninguém te tivesse feito sofrer
c.. Dança como se ninguém estivesse olhando
d.. Canta como se ninguém estivesse ouvindo

SORRI À VIDA QUE TENS! :)

16 de setembro de 2005

Passo a palavra

Imagem n.º 2 (retirada do resultado de uma pesquisa em google.pt)

Desta vez uma foto. O que lhe sugere? Passo a palavra ao leitor.

9 de setembro de 2005

Passo a palavra

Imagem n.º1 (direitos reservados)

O que lhe sugere esta imagem? Passo a palavra ao leitor.

Novo espaço neste Blog

O Laboratório da Alma vai inaugurar um novo espaço neste blog. O «Passo a palavra» consiste na apresentação de uma imagem e é proposto ao leitor que faça um qualquer comentário que considere apropriado. Contamos com a sua participação!

1 de setembro de 2005

Consciência

A consciência é um veneno lento mas letal...

13 de agosto de 2005

De tudo ficou um pouco

De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficam poucas
roupas, poucos véus rotos,
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
de teu áspero silêncio
um pouco ficou um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
nos pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
em pouco de mim algures?
no consoante?
no poço

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...

De tudo fica um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
do vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver...
de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas tudo, terrível, fica um pouco.
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço do cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte de escarlate
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

(Este poema foi enviado pelo nosso colega blogger, o Sandro. Obrigado pela colaboração!)

5 de agosto de 2005

Seca e amarga

Seca e amarga
É a tristeza que aperta o meu coração,
Não por perda
Mas pela ausência.

Miguel Pereira

29 de julho de 2005

O que é realmente nosso

"Os ventos que as vezes nos tiram algo que amamos,
são os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar...
Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado
e sim aprender a amar o que nos foi dado...
Pois tudo aquilo que é realmente nosso
nunca se vai para sempre!"

Autor desconhecido

24 de julho de 2005

Sugestão de leitura

Diário da Nossa Paixão, Nicholas Sparks

21 de julho de 2005

Mais que filosofia...

«Um professor diante da sua turma de filosofia, sem dizer uma palavra, pegou num frasco grande e vazio de maionese e começou a enchê-lo com bolas de golfe. A seguir perguntou aos alunos se o frasco estava cheio. Todos estiveram de acordo em dizer que sim. O professor pegou então uma caixa de fósforos e vazou-a para dentro do frasco de maionese. Os fósforos preencheram os espaços vazios entre as bolas de golfe. O professor voltou a perguntar aos alunos se o frasco estava cheio, e eles voltaram a responder que sim. De seguida o professor pegou uma caixa de areia e vazou-a para dentro do frasco. A areia preencheu todos os espaços vazios e o prof. questionou novamente se o frasco estava cheio. Os alunos responderam-lhe com um sim em coro. O professor em seguida adicionou duas chávenas de café ao conteúdo do frasco e preencheu todos os espaços vazios entre a areia. Os estudantes riram-se. Quando os risos terminaram, o professor comentou: - Quero que percebam que este fras co é a vida. As bolas de golfe são as coisas importantes, como a família, os filhos, a saúde, os amigos, as coisas que vos apaixonam. São coisas que mesmo que perdessemos tudo o resto, a nossa vida ainda estaria cheia. Os fósforos são outras coisas importantes, como o trabalho, a casa, o carro, etc. A areia é tudo o resto, as pequenas coisas. Se primeiro colocamos a areia no frasco, não haverá espaço para os fósforos, nem para as bolas de golfe. O mesmo ocorre com a vida: Se gastamos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teremos lugar para as coisas que realmente são importantes. Prestem atenção às coisas que realmente importam. Estabeleçam as vossas prioridades, e o resto é só areia. Um dos estudantes levantou a mão e perguntou: - Então e o que representa o café? O prof. sorriu e disse: - Ainda bem que perguntas! Isso é só para vos mostrar que, por mais ocupada a vossa vida possa parecer, sempre há lugar para tomar um café com um amigo. Quando as coisas da vida te parecerem demasiadas, lembra-te do frasco de maionese e café. De facto há vezes esquecemo-nos destas pequeninas coisas... Café e maionese... Se algum dia precisares de companhia para um café, porcura-me!!»

Autor desconhecido (recebido por Email)

19 de julho de 2005

Frases para viver - 12

“Não te esforces tanto, as melhores coisas acontecem quando menos as esperas.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 11

“Haverá sempre quem te desiluda, assim o que tens de fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem confias duas vezes .”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 10

“Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 9

“Quem sabe Deus quer que conheças muita gente errada antes de conheceres a pessoa certa, para que quando a finalmente conheceres, saibas estar agradecido.“

Gabriel García Márquez

18 de julho de 2005

Frases para viver - 8

“Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passá-lo contigo.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 7

“Podes ser simplesmente uma pessoa para o mundo, mas para alguém o mundo és tu.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 6

“Nunca deixes de sorrir, nem sequer quando estás triste porque nunca sabes quem se poderá apaixonar pelo teu sorriso.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 5

“A pior forma de se sentir a falta de uma pessoa é estar sentada ao seu lado e saber que nunca a vais poder ter.”

Gabriel García Márquez

17 de julho de 2005

Frases para viver - 4

"Um verdadeiro amigo é aquele que pega na tua mão e te toca o coração.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 3

“Só porque alguém não te ama como tu queres, não significa que não te ame com toda a sua alma.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 2

“Ninguém merece as tuas lágrimas , e quem as merecer não te fará chorar.”

Gabriel García Márquez

Frases para viver - 1

“Quero-te não por quem és, mas por quem sou quando estou contigo.”

Gabriel García Márquez

12 de julho de 2005

Vou partir para uma aventura

Vou partir para uma aventura,
Arriscar um caminho desconhecido.

Tenho ânsias de conhecer
Vontade de experimentar,
Quero viver!

Mas aquele que surge de noite
Com o seu manto escuro e saco fundo
Invade-me o pensamento que,
Calado há muito tempo,
Faz a consciência gritar em desespero
E o medo tenta apoderar-se de mim.

Não!

Não me vou render à força intemporal
Que todo o ser humano receia e teme.
Quero enfrentar os meus preconceitos,
Vou desafiar o medo do desconhecido!

Porque a vida é uma brisa passageira
Que passa suavemente por esta terra de ninguém.

Miguel Pereira

11 de julho de 2005

Saudades

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca, LIVRO DE SOROR SAUDADE
10

Que importa?...

Eu era a desdenhosa, a indiferente.
Nunca sentira em mim o coração
Bater em violências de paixão,
Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,
Sem sombra de desejo ou de emoção,
Enquanto as asas loiras da ilusão
Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte;
Como nascida em carinhoso monte,
Toda ela é riso, e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante...
Que importa?... se o cansado viandante
Bebe em todas as fontes... quando passas?...

Florbela Espanca, LIVRO DE SOROR SAUDADE
9

Tarde de mais...

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar..

.Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Por que chegaste tarde, ó meu Amor?!...

Florbela Espanca, LIVRO DE SOROR SAUDADE
8

10 de julho de 2005

Desejos vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a Árvore tosca e tensa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol, altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente!...

Florbela Espanca, Livro das Mágoas
7

8 de julho de 2005

Frieza

Os teus olhos são frios como espadas,
E claros como os trágicos punhais;
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.

Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!

Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!

Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
"Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim!..."

Florbela Espanca, LIVRO DE SOROR SAUDADE
6

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
"Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

Florbela Espanca, LIVRO DE SOROR SAUDADE
5

Noite de Saudade

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!

Florbela Espanca, Livro das Mágoas
4

Realidade

Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...

Florbela Espanca, Livro das Mágoas
3

7 de julho de 2005

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca, Livro das Mágoas
2

Alma Perdida

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

Florbela Espanca, Livro das Mágoas
1

5 de julho de 2005

Eu sou como o mundo

Eu sou como o mundo.
Quando não vejo a tua face
Observo o seu reflexo.
A tua presença é constante.
E embora estejas distante
Não torna o sentimento sem nexo
Pois ele é espontâneo, natural,
Universal.

Miguel Pereira

Amar

Amar, amar, amar siempre Y con todo
El ser Y con la tierra Y con el cielo,
Con lo claro del sol Y lo oscuro del lodo.
Amar por toda ciencia Y amar por todo anhelo.

Y cuando la montaña de la vida
Nos sea dura y larga, y alta, y llena de abismos,
Amar la inmensidad, que es de amor encendida,
Y arder en la fusión de nuestros pechos mismos…

Rubén Darío

4 de julho de 2005

Uma teia de dúvidas

Uma teia de dúvidas
Enreda-me o pensamento.

Mas eu já não penso,
Sinto!

E assim sou feliz,
Pois não padeço do sofrimento
provocado por mim próprio.

Miguel Pereira

2 de julho de 2005

Sou um homem vulgar

"Mas não se iludam. Não sou nada de especial e disto estou certo. Sou um homem vulgar, com pensamentos vulgares, e vivi uma vida vulgar. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome em breve será esquecido, mas amei outra pessoa com toda a minha alma e coração e isso, para mim, é que contou."

Nicholas Sparks, O Diário da Nossa Paixão

29 de junho de 2005

Marinheiro

No meio de um mar imenso
Navega solitário marinheiro,
Não avista porto seguro.
A bússola perdeu o norte,
Os mapas já não lhe servem.
Resta-lhe esperar por uma estrela,
Uma qualquer que lhe mostre
A mais bela constelação.

Miguel Pereira

27 de junho de 2005

O Guardador de Rebanhos II

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Sa falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos II

21 de junho de 2005

Mecanismos de Defesa

Uma defesa é uma distorção cognitiva que procura evitar que o auto-conceito (imagem que temos de nós próprios) seja diminuído ou danificado por ameaças tais como insucesso, a culpa, a vergonha ou o medo, através da negação, desculpa ou racionalização das nossas acções.
Embora os mecanismos de defesa aliviem a tensão e a ansiedade, não conseguem lidar com as causas do problema. Se forem usados em demasia, podem ser disfuncionais, porque inibem o crescimento indivídual e as interacções com os outros.

Carinho

Volta a passar a tua mão suave pelo meu rosto
Como a água macia de um ribeiro sobre as pedras irregulares.

Volta a olhar para mim com os teus olhos brilhantes
Como o sol que espreita por entre as nuvens cinzentas carregadas.

Volta a abraçar-me com a força do sentimento poderoso
Que transmite a energia do amor, inundando os nossos corações.

Miguel Pereira

De repente

"Vc chegou de repente, me fez mudar num segundo,
Fez nascer um sentimento, que queima dentro do peito..."

Philip Monteiro, Estou em suas mãos

20 de junho de 2005

Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

Alberto Caeiro

Procura-se um amigo

"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. (...)
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

Vinícius de Moraes

18 de junho de 2005

O que sinto

"(...) O que sinto é mais forte do que tudo o que o homem já fez até hoje, pois nenhuma bomba pode destruir um sentimento, sentimento esse, que tenho guardado onde ninguém poderá chegar. (...)"

André Vasconcelos Nunes in Tu és, sim tu és!

16 de junho de 2005

'Cultura'

"O Zahir era a fixação em tudo o que se tinha passado de geração em geração, não deixava nenhuma pergunta sem resposta, ocupava todo o espaço, não nos permitia nunca considerar a possibilidade de que as coisas mudavam.
O Zahir todo-poderoso parecia nascer com cada ser humano e ganhar toda a sua força durante a infância, impondo as suas regras, que a partir de então serão sempre respeitadas. (...)"

Paulo Coelho in O Zahir

Lágrima

"Andava com uma bilha a recolher as lágrimas de todas as mães do mundo. Queria fazer um mar só delas. -Não responda com esse sorriso, você não sabe o serviço do choro. O que faz a lágrima? A lágrima nos universa, nela regressamos ao primeiro início. Aquela gotinha é, em nós, o umbigo do mundo. A lágrima plagia o oceano..."

Mia Couto in O Último Voo do Flamingo

14 de junho de 2005

Olhar o Mundo

Amar. Ser amado. Nunca esquecer a nossa própria insignificância. Nunca nos habituarmos à violência indescritível e à disparidade grosseira da vida à nossa volta. Procurar alegria nos lugares mais tristes. Perseguir a beleza até à sepultura. Nunca simplificar o que é complicado nem complicar o que é simples. Respeitar a força, nunca o poder. Acima de tudo observar. Tentar compreender. Nunca desviar o olhar. E nunca, nunca esquecer.

Arundhati Roy in O fim da imaginação

Vazio

Sinto-me vazio.
Um deserto de vento sem sopro
Atravessado por viajante nenhum.
Os sentimentos não passam de emoções alheias
Pois em mim apenas habita uma imensidão de nada,
Como uma majestosa catedral sem crentes
Apenas com o seu silêncio e apatia.

Miguel Pereira

Um dia

Um dia percebemos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem!
Você não só esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificados como "o bonzinho", não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga, é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Um dia perceberemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia perceberemos como aquele amigo faz falta, mas aí já é tarde demais...
Enfim... Um dia descobriremos que apesar de viver quase 100 anos, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.


Mário Quintana

Peça de Teatro

«A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche.»

Arnaldo Jabor

Quem quase vive já morreu

«Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sofoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.»

Luiz Fernando Veríssimo (adaptado)

Só e miserável

«Pior do que caminhar só e miserável por Genebra é estarmos com alguém ao nosso lado e fazer com que essa pessoa se sinta como se não tivesse a mínima importância na nossa vida.»

Paulo Coelho in O Zahir

Encerre ciclos

«Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora. Soltar. Desprender-se. As pessoas precisam de compreender que ninguém está a jogar com as cartas marcadas; às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam o seu esforço, que descubram o seu génio, que entendam o seu amor. Encerre ciclos. Não por orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque aquilo simplesmente já não se encaixa na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda o pó. Deixe de ser quem era e transforme-se em quem é.»

Paulo Coelho in O Zahir